Finalmente tenho forças para escrever novamente!
Vou escrever cronologicamente, até chegar ao ponto que explica o título, tenham calma. =)
Chegando da viagem e doente, achei que iria melhorar em um ou dois dias, como sempre acontece. Mas não, dessa vez a coisa foi séria, passei a frequentar o banheiro a cada 10 ou 15 minutos e não conseguia comer nada (agora é cômico, mas não era, tá?). Para dificultar minha situação, todos no escritório estavam viajando e eu não podia tirar nem um dia de folga. Durante Segunda, Terça e Quarta não fiz muito, além do caminho cama e banheiro. Na quinta eu estava bem mal, queria ir ao hospital, mas só de pensar em achar o hospital (ou um taxi ou qualquer coisa que me levasse para o hospital) decifrar o Hindish (inglês com Hindi) e tudo mais me desanimava. Ai lembrei da farmácia aqui perto, e do senhor que fez toda a consulta médica quando fui lá para comprar um sorine. Quando eu estava voltando do trabalho fui lá, ele me deu um pozinho para hidratar e alguns comprimidos para alguma coisa que eu não entendi. No mesmo dia já consegui comer, e hoje estou novinha em folha.
Do mais, a casa aqui tem dois quartos, em um ficam as 3 brasileiras, o brasileiro que está fazendo o estagio profissional, o português quando vem passar o fim de semana aqui e o outro brasileiro.
No meu ficam eu, a canadense, o canadense/chinês, a russa e a chinesa que chegou agora ( afinal, brasileiro tem de punhados no brasil). E tirando a chinesa que eu não entendo nada do que fala, eu realmente gosto dos outros. Mas na Terça, todos menos a canadense foram pra um outro apartamento, o que me deixou mais desanimada ainda. Hoje eles mudaram e volta pra cá, fiquei feliz.
Ontem recebi uma ligação do meu escritório(Technable Solution) falando que hoje teria alguma reunião com a organização chefe ( FREED) se eu queria participar. Como realmente amo o que estou fazendo, mesmo sem forças, aceitei.
Hoje eu acordei super bem disposta. Fui para minha aula, e conheci o responsável pelo FREED, ele disse que teriam alguns estudantes americanos que vieram para intercâmbio em uma faculdade da cidade e que iriam ter uma reunião para recebê-los e ele queria que eu fosse junto. O sotaque dele é muito forte, e até agora, mesmo depois de horas ouvindo ele falar, ainda não entendo mais que 60% do que ele diz.
Consegui entender melhor a estrutura da organização, o FREED ( Force for Rural Empowerment and Economic Development) é uma ONG que suporta vários projetos e está ligado ao meu projeto pela parte social. O meu projeto ( Technable – habilitando pessoas, dando poder aos negócios e enriquecendo a sociedade) por sua vez está ligado com o Governo do Estado de West Bengal e da Índia que também suportam o FREED.
O FREED também trabalha com outras linhas de projetos, fortalecendo a arte e educação nas vilas ( zonas rurais muito pobres), ajudando a desenvolver sustentabilidade e empowering mulheres, trabalhando com fontes alternativas de energia, e biodiesel e levando centro de educação para meninas nas vilas ( onde ir para escola é apenas uma opção para meninos).
As 3 americanas chegaram, continuaram com a mesma cara azeda durante toda a apresentação, tentei puxar assunto, perguntar se queriam conhecer o pessoal aqui, elas não se importaram. Não se interessaram pelo projeto, ou se se interessaram o gato comeu a língua delas e em meia hora, foram embora.
Uma vez li um livro sobre economia e o futuro dos países emergentes que dizia que uma vez que algum país consiga a posição de líder mundial no lugar dos EUA, os americanos estão destinados a mais rápida e profunda queda econômica da história. Pois são o único povo, que ainda hoje em dia, não tem a capacidade, ou interesse, de aprender sobre o resto do mundo e se adequar a isso... (mas isso é assunto pra outro post).
Continuei conversando com os responsáveis por um longo tempo e eu provavelmente vou continuar ajudando o projeto quando voltar pro Brasil (escrevendo artigos e atualizando as mídias) eu sei que não tenho tempo pra nada no Brasil, mas vou dar um jeito.
As vilas que eles atuam são realmente pobres, não existe energia em nenhuma delas. Em Dezembro eles finalizaram um projeto para levar lamparinas que funcionam com energia solar para uma das vilas. Eu li a reportagem e lá diz que um dos professores aposentados chorou de emoção quando viu as lamparinas, pois agora as crianças poderiam estudar mesmo depois que escurecesse.
No dia 31 de Dezembro, nasceu o primeiro bebe no centro médico que eles conseguiram montar lá, e mesmo com complicações no parto o bebe sobreviveu. O que não seria possível com as lamparinas de querosene usadas anteriormente, uma vez que a fumaça intoxicaria o bebe.
O ponto mais forte do projeto é a inclusão social de mulheres, a Índia (assim como a China) sofre muito com o problema do preconceito com mulheres. O feticídio e o aborto de meninas são muito comuns aqui, tanto nas castas mais baixas quando nas mais altas ( os médicos são proibidos por lei de dizer o sexo do bebe antes do nascimento, para evitar o aborto de meninas – nada que não possa ser corruptível).Mesmo nas comunidades, tribos e vilas que não praticam esse tipo de eliminação feminina, as meninas não tem direito a nenhum dos privilégios masculinos.
Hoje durante a apresentação do projeto o diretor contou que em algumas comunidades, quando o primeira criança da família é menina, eles dão o nome de Chi Na (indesejável, aquela que não é querida Chi/querer Na/não) por esperarem um menino. O projeto atua nesse foco, levando a escola, educando, capacitando e dando uma fonte de renda a essas meninas/mulheres. Tentando fazer meninas serem Chi.
Na parede da sala estão várias fotos dos projetos, e uma cartolina com várias carinhas de meninas coloridas, e algumas delas sem rosto e em baixo a frase: “Where all these girls have gone?” (Aonde foram todas essas meninas?) em uma campanha para tentar mudar essa triste situação.
Passo por esse dia fantástico, chego em casa, entro no meu Face Book, e as pessoas estão falando do BBB e da história da Luiza. Não quero parecer antissocial, socialista revoltada ou alguém que acredita que vai mudar o mundo sozinha. Mas é muito difícil entender como existem pessoas com tão pouco que fazem tanto pelos outros e por elas mesmas e outros com tanto e fazendo questão de desperdiçar cada uma dessas oportunidades.
E mais uma vez, pra que ainda não consegue entender o porque de atravessar o mundo para vir trabalhar de graça e passar o tempo com diarreia, e principalmente para aqueles que querem fazer alguma coisa como isso mas ainda não têm certeza, vejam se existe coisa mais gratificante do que abrir sua caixa de e-mail e receber uma mensagem como essa de um querido desconhecido indiano (a friend from now on, for sure!/ que agora é um amigo, com toda certeza):
firstly,must say,synchronicity does connect,and i felt so glad on reading through your awesommme blogg... and feel so amazing to come across you in here..
felt intrigued,inspired and overwhelmed in more than a number of ways..be it efforts with your soul within,to
encourage faith and connect with the world,be it the way you seem to be exploring the oneness within this duality,or be it the way you seem to enthusiastically seem to live ur truths.. :)
Em primeiro lugar, devo dizer, sincronicidade realmente se conecta, e eu me senti tão feliz ao ler seu blog maravilhoso .. e eu me sinto tão feliz por me deparar com você aqui ..
Senti-me intrigado, inspirado e dominado em inúmeros caminhos e maneiras .. seja isso pelos esforços da sua alma para incentivar a fé e se conectar com o mundo, ou seja pelo jeito que você parece estar a explorar a unidade dentro dessa dualidade, ou seja pelo jeito que você parece com entusiasmo viver suas verdades .. :)
A Luiza já voltou do Canadá e a Juliana, se pudesse, não voltaria da Índia tão cedo...
Atualizei minhas leituras atrasadas e finalizei com a de hoje...
ResponderExcluirVc é linda Ju!
Continue escrevendo sempre que puder.
Beijoo
Tá pensando em abandonar o japonês aqui? Pode voltar... E logo! Bjs
ResponderExcluirMenina, que aventura maravilhosa. Ainda não li tudo mas o farei em breve. Aproveite cada minuto. Namastê!
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