terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Varanasi, Gaya e muito mais

Olá pessoal, para compensar o tempo ausente aqui vem um post enorme!
Almocei no Subway hoje de novo, a Índia me pegou mais uma vez, 3X0 hahaha acho que nunca vou conseguir ficar uma semana inteira sem ficar doente!
Bom, na Sexta-Feira o dia começou normal, mais um dia de aula. Quando meu trabalho acabou fui pegar meu almoço na barraquinha e quando eu estava pegando pelo arroz seco  um dos meus alunos ( o da história da caneta, lembram?!?) me vê e começa a gritar: Juliana madam, Juliana madam, ele foi selecionado pro trabalho. Fiquei muito feliz por ele, não teria forma melhor de começar o fim de semana.

Almocinho de sexta, esse não me deixa doente mais. Macarrão, arroz seco e doces pela bagatela de menos de 3 reais.
Voltei pra casa, arrumei minha mochila e por volta das 7 saímos para a jornada de fim de semana.
A estação de trem é enorme e muitooo lotada, eramos 25 estrangeiros, e como sempre, a estação inteira parou para nos olhar.
Pessoas estavam por todos os cantos, dormindo em lonas esticadas no chão, esperando pelos trens e com ratos correndo por cima deles.
Depois de um tempo entramos no trem, era mais limpo do que eu imaginava, mas como estamos no inverno pensamos: não precisamos pagar mais pela classe com ar-condicionado. O que não contávamos era que as janelas não fechavam direito, então passamos pelas 12 horas mais frias das nossas vidas.

Depois da nossa experiência congelante, chegamos em Varanasi. A cidade é banhada pelo Rio Ganges e é uma das cidades mais antigas do mundo, sendo a mais sagrada para o Hinduismo.
Lá os corpos são queimados e as cinzas jogadas no Ganges e segundo o Hinduismo, quem morre lá vai direto para o céu.
Demoramos um bom tempo para achar transporte para todos até o hotel, depois mais um bom tempo achando o hotel (já que nada tem endereço aqui) comemos, e fomos dar uma volta pela cidade até as 4 da tarde quando pegaríamos o barco para navegar pelo rio.

A cidade é muito mais "Índia" que Kolkata. Vacas por todos os lugares, muitas pessoas nas ruas, muita pobreza, macacos por todos os lados e muitos turistas.
Achamos um barco para todos os 20 e poucos que eramos, 3 horas passeando pelo rio por um pouco mais do que 3 reais cada.

 

Um dos dois remadores do barco falava um pouco de Inglês e ele foi nos explicando algumas coisas durante o caminho.
Vimos o primeiro fogo, onde as castas mais baixas são queimadas, as cerimonias são rápidas e o fogo só fica aceso durante o dia. Depois fomos para o lugar onde as castas mais altas são queimadas, um senhor veio ao barco para nos explicar mais coisas ( e pedir doações depois, é claro). Lá no primeiro andar são queimados os homens das castas inferiores, no segundo das castas médias e no terceiro das castas altas, a cerimonia dura cerca de 5 horas e o fogo nunca é apagado.
Apenas homens são queimados. Mulheres, crianças, homens considerados santos ou leprosos são embrulhados em folhas de bananeira e jogados diretamente no rio.
A madeira usada é uma madeira especial para não deixar cheiro de queimado e é muito cara. Depois de lavar o corpo no Ganges, os parentes mais próximos raspam os próprios cabelo, barba e sobrancelhas e vestem roupas brancas em sinal de luto,colocam o corpo na fogueira, dão 5 voltas em volta do fogo ( representando os 5 elementos que compõe nosso corpo, água, ar, terra, fogo e alma e os libertando) e quando o fogo apaga e a fogueira esfria é sinal de que segundo as palavras do guia: " a alma agora descansa em paz no céu e os parentes devem ir descansar em paz em casa". Os restos dos ossos, então, são finalmente jogados no rio.
Já era noite, no caminho de volta ao porto paramos para ver alguma cerimonia religiosa (ninguém entendeu o que era porque o remador não conseguia explicar em Inglês). E finalmente desembarcamos e fomos para o hotel.
Uma das coisas que minha mãe fez questão que eu trouxesse para a Índia eram protetores de assento de privada. O que ela não contava era que os banheiros aqui seriam assim:



Depois de jantar e acabados pela noite fria e mal dormida fomos para cama, aproveitar as 4 horas de sono que tínhamos antes de entrar no próximo trem rumo a Gaya.
Acordamos as 3 e pegamos nosso caminho para a estação de trem. Dessa vez tínhamos comprado cobertores extras, o que tornou as próximas 5 horas de viagem apenas muito muito frias.
Dessa vez peguei o leito do corredor, e na cabine da minha frente tinha uma família de indianos, sendo indianos, claro. Com direito a muita música e conversa. Pela manhã, quando não conseguia suportar mais a barulheira, tirei o cobertor do meu rosto e lancei aquele olhar ( entendível em todas as línguas) de pelo amor de Deus, fiquem quietos. O que eu não contava era que eles estavam comendo o café da manhã deles. E como eu já disse antes, quando se trata de comida, não existe a palavra não aqui. Me empurraram o que eles estavam comendo, passando de mão em mão até chegar em mim. Eles eram legais, afinal.


Chegando em Gaya demoramos cerca de 2 horas para conseguir guardar nossas mochilas nos armários da rodoviária ( se você pensa que o serviço público do Brasil é ruim... venha para Índia) e fomos procurar Onibus para Bodh Gaya, o lugar onde Buda criou o Budismo.


Como os 25 de nós tinham trens em horários diferentes, nos dividimos em menores grupos, o que não tornou a qualidade do ambiente muito melhor, especialmente pra mim, que não sou lá grande fã de amiguinhos.
Chegamos em Bodh Gaya na hora do almoço, o lugar é lindo, cheio de templos budistas, cores, flores e monges tibetanos. Vimos o máximo que pudemos, não consegui ver os elefantes que as egípcias falaram que viram, mas vimos camelos ( embora ninguém quisesse andar neles comigo). Jantamos em um restaurante muito gostoso, tão gostoso que repetimos os pratos, resultado, doente de novo. Já ta virando rotina.


Pegamos o trem das 10 pm, que atrasou e saiu quase meia noite. Mais uma noite fria no trem, chegamos em Calcutá perto das 8 da manhã, peguei um táxi e fui direto pro trabalho.
Aproveitei o resto do dia morrendo de enjoo e dor de barriga em casa.
Do mais, a minha diretora no trabalho e a outra professora estão viajando para treinamento. Ou seja, o escritório e a sala de aula são todos meus pelas próximas 2 semanas (muahaha).
O que também significa nada de viagens nos próximos 3 feriados, já que não posso deixar o escritório. Nem ligo, talvez alguns amigos venham passar o feriado aqui e me façam companhia.
Ainda na sexta, fui buscar o top do meu Sari e vi que tinha um salão de cabeleireiro no fundo da loja.
Resolvi então que era hora de avançar com a minha capacidade de conversação em línguas desconhecidas, uma vez que já domino a arte de compras e de pegar táxis e rick-shaws. A mulher não falava inglês, mas entendia minhas mímicas e provavelmente parte do que eu estava falando. Perguntando em inglês e com ela respondendo em alguma coisa, consegui entender que para tirar a sobrancelha e o buço com linha eram 25 rúpias ( um pouco menos que 1 real), ela conseguiu entender que eu não queria que ela mudasse o formato da minha sobrancelha, só tirasse os cantos. Arriscando ainda mais minhas habilidades, perguntei se ela fazia mandi ( pintura nas mãos), entendi que ela fazia, eram 300 rúpias (10 reais) pra fazer nos dois braços e palmas da mão, que a pintura dura 8 dias e o tempo que ela demora pra fazer depende da complexidade da pintura.
Hoje precisava recarregar meu celular, o senhor não falava Inglês, e nem entedia. Mesmo assim consegui carregar meu celular na promoção especial de conversa e no pacote de torpedos.
Já sou quase uma falante nativa, falta só descobrir em que língua eles estavam falando, Hindi, Bengoli, Urdo ou seja lá o quê. De qualquer forma mímica e boa vontade ainda são línguas universais e como diria o velho ditado, quem tem boca, vai a Roma ( ou a qualquer lugar na Índia).

Alvida!

Um comentário: