segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Meu querido diário

Vamos lá, mais um post.
Antes disso queria explicar o motivo de tanto intervalo entre as postagens. A internet que estou usando (USB) é nova, e como a Índia está em constante ameaça de ataques terroristas do Paquistão, a segurança do País é bem rígida. Então até que aprovem todos os documentos que eu mandei quando comprei a internet e que provam que eu não sou terrorista, o limite da internet é limitado, não da pra postar muitas fotos, então a diversão de ler o post não é a mesma. Amanhã ou depois acho que já está confirmado que eu não quero explodir nada, então liberam meu limite.
O mesmo aconteceu quando fomos comprar chips para os celulares. E por esse motivo também, nós estrangeiros, não pudemos entrar no evento que era no campo militar ( já postei sobre isso antes) e o Canadense quase foi preso quando tentou tirar fotos dentro do metro.
Mas voltando aos fatos, nesse fim de semana a Índia me pegou de novo. Semana passada eu passei bem mal quando comi um arroz com frango e vegetais. Continuei comendo comida de rua a semana toda e estava bem.
É claro que eu evito os lugares que ficam do lado dos tubos de esgoto, e os que tem ratos em volta ( que eu vejo, pelo menos), mas exigir mais higiene do que isso é impossível.
No Sábado fui trabalhar, comprei roupas indianas ( calça e camiseta ) e agora quando ando pelas ruas e se meu cabelo está escondido no lenço ( o corte e as pontas claras chamam atenção) ao invés de ter 99% dos indianos me encarando tenho só cerca de 75% deles.
No escritório estavam tendo os testes de admissão para novos alunos, agora que mudamos de prédio temos 2 salas de aula, então eu conduzi as aulas normais com meus alunos e o resto da equipe aplicou os testes ( mesmo porque eu não falo Bengoli). Toda vez que eu passava em frente da sala de testes os aproximadamente 18 homens e 2 mulheres me seguiam com os olhos, como se eu tivesse acabado de descer de uma nave espacial vinda de Marte. E olha que eu sou bem marronzinha...
Almocei nas barraquinhas de rua, comprei algumas coisas e trouxe pra casa, comi na rua na janta de novo, voltei pra casa e disse toda orgulhosa de mim mesma: Posso comer o que quiser, não fico mais doente com a comida daqui! Supimpa, passei a noite toda no trono. E dessa vez não foi vomitando.
E assim prossegui pelo resto do Domingo. Hoje almocei no Subway. É o único lugar que conheço, até então, onde as pessoas pegam na comida com luva ( com qual frequência eles trocam de luvas ai já é outra história).  Índia 2, estrangeira estúpida 0.
Ainda no Domingo fomos em ou outro mercado de rua, o lugar é mais afastado e não é tão caótico quanto ao que estamos acostumados a ir.
Comprei meu primeiro sare e a Anna da Rússia me ajudou a vestir. Agora tenho que mandar fazer o top que vai por dentro. É de seda e custou 825 rúpias (menos de R$30,00)

O vermelho eu tinha visto no New-Market, como a loja não tinha os preços marcados o vendedor queria me cobrar 4.000 rúpias ( 130 reais).




Aqui acontece um fator no mínimo curioso na economia. A inflação e volatilidade nos preços para estrangeiros.
Pouquíssimas lojas ( principalmente nas feiras) tem o preço das mercadorias fixas, isso depende do quanto o vendedor quer vender aquele produto, o quando ele foi com a sua cara, e o quanto branco você é. Se você passar por 5 vezes em uma barraquinha e perguntar o preço da mesma coisa em todas as vezes, você vai ter pelo menos 15 preços diferentes. O preço que ele vai te falar quando você perguntar, o preço depois de barganhar e o preço que ele vai se esguelar de gritar quando você falar que é muito caro e sair andando.
 E o mesmo vai acontecer com preços diferentes na segunda vez que você perguntar.. e na terceira.. e assim por diante.
Veja um exemplo ilustrado:
Eu queria comprar lenços de seda, o preço inicial era 550 rúpias ( 20 reais) depois de muita barganha, de eu explicar que era estrangeira mas era estudante e todo o bla bla bla consegui baixar para 150 rupias ( 5 reais) utilizando todo a encenação que eu aprendi aqui, disse que não queria e sai andando, consegui os lenços por 100 rupias ( 3 reais) mas segundo o vendedor, era abaixo do preço de custo, ele ia arruinar o negócio dele e não teria dinheiro para alimentar os filhos. Chego em casa e uma das estagiárias tinha comprado os mesmos lenços por 75 rúpias ( mais uma família indiana arruinada por estrangeiros sem coração).
Nem o Gessuir consegue explicar esse fator econômico!

Eu tava bem cansada por causa da noite em claro e da tarde no mercado, fui dormir as 7 da noite.
Eu achei que eu ia amar a Índia sempre, mas confesso que hoje eu realmente desejei que tudo explodisse. ( Governo da Índia, é só brincadeirinha, viu? por favor não cancele minha internet) Acordei as 7 como todo dia e mesmo com as minhas 12 horas do sono ainda estava cansada, me arrumei, como os dias estão chuvosos e agora somos praticamente 10 pessoas em um mini-apartamento de 2 quartos, as roupas úmidas estão espalhadas por todo lado, e pelo cheiro parece que guardamos uma dúzia de cachorros molhados dentro do armário.
Saí de casa as 8:10 para encarar minha jornada de 40 minutos até o trabalho. A chuva estava forte, e mesmo com o guarda chuva me molhei toda. Como a cidade alaga quando chove demorei mais quase 20 minutos para conseguir um Auto Rick-shaw já que eles não trabalham em dias assim. Chegando na metade da minha jornada ( a outra metade é andando), descubro que além da minha TPM ter chegado, as ruas estavam alagadas e cheias de barro. Andei por mais 20 minutos com água na canela, tomando chuva, ( se eu andasse na avenida ia ser atropelada, e nas calçadas as lonas do pessoal que mora na rua ficam amarradas então não dá para andar com o guarda-chuva) e escorregando no barro.
Cheguei no trabalho na hora exata, fui a primeira a chegar, no entanto ( o pessoal do escritório e os alunos chegaram só 30 minutos depois). Embora tenha passado as próximas 4 horas na sala de aula e 2 no escritório com as botas e metade das pernas ensopadas o meu mau-humor foi embora depois dos meus primeiros 15 minutos de aula. Agora eu já amo a Índia de novo.

Aqui em baixo algumas fotos do meu caminho casa-trabalho. Igualzinho a realidade que passava no "Caminho das Índias".










2 comentários:

  1. Me divirto com seus relatos... são mto realistas. Ms vê se come em algum lugar q não seja na rua, vai... hahahaha! Bjs

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  2. Ah, eu amei seu blog, amo a Índia desde minha adolescência, foi um presente pra mim, pois sofri um acidente de carro não posso andar, estou apendendo Hindi, tum mera pyar ho, hindi mere pyar... NAMASTÊ ROSE, Chumma, pyar pyar

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