quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Comida indiana e perdida na Índia


Vou falar um pouquinho do meu dia ontem e hoje, tenho bastante fotos e vídeos.
Ontem fui para o trabalho, cheguei mais cedo, conversei um pouco com o Animish, um dos alunos. Tivemos a primeira parte da aula, conheci mais um novo aluno que estava ausente na última semana por que tinha voltado para a sua vila para ajudar na época da colheita. A diretora comprou um mapa mundi ( como eu tinha pedido), alguns dos alunos não sabiam achar Kolkata na Índia mas maioria tinha uma boa noção. Enquanto eu explicava para eles sobre o descobrimento do Brasil (como os portugueses se confundiram achando que aqui era Índia e tal) um dos alunos levantou e falou pra eu perguntar a capital de qualquer País. Eu perguntei a capital do Japão, ele levantou, foi no mapa, me mostrou a capital de cerca de 10 países diferentes, me falando os nomes de presidentes e explicando quais eram as capitais políticas e econômicas de cada um deles, fiquei realmente impressionada.
Como alguns alunos tinham testes, a professora deu um intervalo de 20 minutos. Os alunos desceram e contrariando a recomendação da professora de não ficar muito próxima dos alunos eu fui com eles. Eles foram na rua ao lado, para tomar chá. As ruas daqui são cheias de barraquinhas ( na verdade é no chão) com comida, chá e frutas. As comidas são servidas em folhas secas ( no formato de uma tigela) e os líquidos em copinhos de barro que depois são jogados no chão.
Os alunos me ofereceram chá, como a primeira regra para India é não comer nada na rua, eu neguei. Mas Indiano que se preza não descansa enquanto não faz a gente comer/beber o que oferece, e 2 minutos depois estavam me entregando o mais original chá com leite feito na rua (sem nenhuma higiene, claro) e no copinho de barro. Bebi o chá, ao mesmo tempo que pedia ao meu sistema imunológico com toda a minha força para não ficar doente. Era gostoso, afinal.
Voltamos para a aula, estávamos conversando sobre religiões e paz na índia e um dos alunos pediu para me falar uma frase do Dalai Lama:

“Cuide dos seus pensamentos na medida em que eles se tornam palavras;
Cuide das suas palavras na medida em que elas se tornam ações;
Cuide das suas ações na medida em que elas se tornam hábitos;
Cuide dos seus hábitos na medida em que eles se tornam seu caráter;
Cuide do seu caráter pois esse formará o seu destino;
E o seu destino, será a sua vida”

Na saída os alunos me perguntaram sobre o dinheiro do Brasil e eu mostrei as nossas notas. A professora perguntou se eu queria almoçar com ela, fomos a um lugar ali perto e tivemos uma comida típica daqui que eu não lembro o nome, são batatas cozidas com massala (temperos e pimenta)  e alguma coisa que parece pastel, ai servem em uma bandeja e em pé  você segura com a mão esquerda e come com a direita. Uma prova de coordenação!
Voltei para casa, dormi um pouco e depois buscamos comida em um restaurante diferente do que estamos habituados. Muita, muita pimenta. Era um macarrão com vários legumes, e um arroz com legumes também, almondegas vegetarianas e um queijo branco ao molho. Consegui comer todo o arroz e o macarrão, e fiquei com a boa ardendo por mais de 2 horas. Compramos alguns doces daqui também, todos tem o gosto parecido, são feitos de leite qualhado e alguma coisa que tem o mesmo gosto do tempero das comidas, mas doce.
Hoje acordei mais cedo, achei que fosse morrer até aquela comida toda sair de dentro de mim. Tirei varias fotos do prédio e das ruas aqui, estão logo abaixo, fiz alguns vídeos do transito também.
Nosso apartamento: 







Nada melhor para despertar do que a adrenalina de andar em um Auto Rick-shaw as 8 horas da manhã. Na verdade atravessar as avenidas sem sinaleiro e sem faixa de pedestre é muito mais emocionante, mas eu não consegui filmar e continuar viva ao mesmo tempo, então por hoje vai o vídeo do transito mesmo.



Cheguei mais cedo na escola, então fui a um café americano que tem ali por perto, o lugar é bem caro (nem sei como sobrevive em um lugar pobre como aquele) e pedi um super chocolate quente ( eu não sabia que era enorme até chegar). Do outro lado do café tinha uma mesa com 2 Indianas e um Indiano, que 5 minutos depois do meu chocolate chegar veio na minha mesa puxar assunto. Como eu não estava a fim de conversa furada, terminei o meu chocolate o mais rápido que pude e fui pra escola. A diretora estava tomando o café da manha dela, um monte de xuxu cozido com todos os temperos indianos possíveis, e como eu disse anteriormente, ela não sossegou enquanto eu não comi com ela. Uma bela forma de começar o dia, Chocolate quente e xuxu cozido.
Na escola conheci mais 3 alunos, um homem que não falou muito e 2 meninas, agora a Taslima não está mais sendo a única menina da sala. Fiquei a maior parte do tempo conversando sobre o Brasil com a diretora, não passei muito tempo na sala. O índice de falta as aulas é muito grande, eles tem que fazer provas da faculdade, trabalhar, ajudar a família. É uma pena, o curso é bem caro para eles.
Algumas fotos da rua do escritório, do prédio e deles:







Na saída um dos alunos, O Farujk estava esperando os outros meninos e conversando com a Taslima (em bangoli) e ele é um dos que menos sabe Inglês na sala e fica muito, muito nervoso quando tem que falar. Eu passei por ele e brinquei “ Olha só Farujk, você conversando, tem que falar bastante assim na aula também!” E não é que ele sabe falar Inglês, o menino desembestou a falar ( eu entendi só metade) e só parou quando terminamos de andar pela avenida e tomamos caminhos diferentes.
Eu estava procurando pelo Auto que tenho que pegar, perguntei “Baligunge?” e o motorista concordou, entrei e depois de uns 15 minutos percebi que não estávamos indo para o lugar que eu esperava, ele provavelmente entendeu errado. Como eu não sei falar nem pare em Hindi, fui até a rota final, um subúrbio onde, acho eu, que nunca tinham visto um estrangeiro.  Muitas encaradas depois consegui achar o Auto de volta pro lugar que eu tinha saído, pra tentar achar o  Auto certo mais uma vez.
Estar perdido em uma cidade com 14 milhões de habitantes não é nada legal, especialmente se ninguém te entende e você não sabe seu endereço ( por que as ruas não tem numero nem nome, eu só sei chegar na rota e depois andar até o apartamento).
O segundo Auto me levou para o bairro que eu queria mas realmente longe do lugar onde eu poderia encontrar qualquer meio de locomoção de volta para casa, e como a comunicação é impossível, não restava nada a fazer.
Consegui um taxi, ele também não falava inglês e não conseguia entender minha pronuncia do lugar que eu queria ir. Depois de muito esforço ele entendeu, me trouxe no meu bairro mas não entendia que eu queria continuar a corrida (porque eu estava há mais de 40 minutos andando de casa).
Liguei para a Ajay da Aiesec, pedi (em inglês) para ele explicar em Hindi ( ou Bangoli, a essa altura do campeonato já não me importava mais) como chegar em casa. Como desgraça pouca é bobagem, ele não entendeu de novo e quanto estávamos suficientemente perto e desci e vim andando. Uma hora e meia depois e 68 rúpias (R$2,50) eu estava em casa.
Achei um lugar que vende rolls ( tipo uma massa de panqueca enrolada com recheios) e não são apimentados. Comprei um de frango com ovo ( segunda vez que como frango desde que cheguei aqui). São bons, vamos ver amanha se o meu sistema imunológico acha o mesmo.

Um comentário:

  1. Nossa, vc escreve mto, rs! Vou fazer um comentário só, mas vale por todos esses posts... de uma só vez! São maravilhosos, mto ricos de detalhes e carregados de mta emoção todos os seus relatos. Parabéns pelo trabalho que vem realizando. Bjs.

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