Pela manhã fui ao prédio do projeto no qual vou trabalhar,
como ainda não sabia andar em Calcutá o Ajay me levou, outro membro da Aiesec. Esse
escritório é uma organização ligada ao um projeto governamental chamada FREED
(force for the rural empowerment and economic development), demoramos quase uma
hora para chegar lá, entre ônibus, metro, e alguns minutos de caminhada.
O prédio fica em uma ruela, as acomodações são bem simples.
O trabalho deles é capacitar jovens e adultos, que vem de um meio rural ( não
exatamente o mesmo conceito de meio rural que temos, eles vem de vilas e
vilarejos pobres no Estado de West Bengal) que tenham feito, pelo menos ensino
médio e estejam procurando melhores oportunidade na vida.
As atividades que me foram passadas eram trabalhar com eles
o desenvolvimento de ferramentas como comunicação, empreendedorismo e
principalmente a melhorar o inglês deles. Embora eles tenham estudado inglês
durante a escola, eles não vivem em um meio socioeconômico que garanta nem
qualidade no ensino nem a possibilidade de praticar o que aprenderam na escola.
Eu adorei a minha chefe no projeto a Swati, uma senhora
muito interessante, conversamos muito sobre a desigualdade social em países
emergentes, os problemas que a estrutura social da Índia não consegue sanar, a
questão do machismo aqui e outras coisas relacionadas a educação,
desenvolvimento e economia. Eu sai de lá encantada com a possibilidade que me
tinha sido dada... Mal sabia eu que estaria prestes a ter uma das mais
maravilhosas experiências de toda a minha vida.
Depois disso fomos encontrar os outros estagiários que
estavam assistindo a uma apresentação de natal em uma igreja.
Existem muitos cristões na Índia e essa organização católica
( frutos do trabalho católico de Madre Tereza de Calcuta) adotou mais de 100
crianças, fora as que vão assistir aulas na organização, e eles estavam lá,
fazendo a apresentação de final de ano.
O mais interessante de tudo isso era ver a diversidade. No
presépio, a Virgem Maria usava Sare. O padre estava vestido com roupas
indianas. E as cerca de 60 pessoas entre parentes e pessoas da cidade que
assistiam, cantam musicas católicas em Hindi.
As crianças apresentaram danças de diversos países, danças
típicas daqui, e dançaram um projeto de quadrilha ao som de “Garota de Ipanema”
em ritmo de samba. Meus olhos encheram de lágrima várias vezes. Nunca tinha
presenciado tanta diversidade e tanta alegria no mesmo lugar ao mesmo tempo.
Eu tinha a ideia de que muito mais pessoas falariam inglês
aqui. São poucos que entendem e menos ainda os que falam. Pegar taxi, metro,
ônibus ou rick-shaws sem ter certeza da onde se está indo é impossível, eles
nunca vão entender sua instrução, e se você ficar perdido não tem para onde
correr. É bem assustador, a cidade é enorme (quase 14 milhões de habitantes) só as ruas principais tem nome e
mesmo que tenham pontos de referencia os nomes são impossíveis de lembrar ou
pronunciar.
Passeamos em algumas
lojas, comemos e voltamos para casa. O próximo dia seria meu primeiro dia de
trabalho e a mudança para a nova casa.
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